segunda-feira, 10 de julho de 2017

Blog Roberval Paulo: LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval ...

Blog Roberval Paulo: LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval ...: Uma cantiga de vento enrubesceu os amantes E na moldura viajante dos olhos A noite vinha lá do fim do mundo A lua se escondia na...

LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval Paulo

Uma cantiga de vento enrubesceu os amantes
E na moldura viajante dos olhos
A noite vinha lá do fim do mundo

A lua se escondia na brancura da nuvem
E na sonoridade da alma
Um silêncio se ouvia
Um silêncio de fazer cantar os mudos

O som do amor se encarnou por toda a luz
E todas as bocas disseram o provar de corpos em êxtase

Um uivo abafou a imensidão da distância
E o prazer aquiesceu a alma enamorada

Os desejos ardem, convulsões desenfreadas
Sensações que se revelam
Na rima solta do verso

O ar cansado desmaia
Num respirar lento e cortante
E a forma disforme se renova

No formatar novo do novo.

Roberval Paulo

FORÇA MÍSTICA - Roberval Paulo

Existe uma força que é de nós desconhecida
Uma força expressiva que a tudo dá movimento
Uma força que é sentida, não se vê e não se toca
Força essa que é revolta na profecia do tempo

Há um mundo paralelo deste mundo que é palpável
Há mais mundos paralelos do que podemos prever
Há forças desconhecidas na galáxia que habitamos
E quantas outras galáxias devemos desconhecer?

A natureza é a mãe de todo ser existente
De toda coisa que existe, da vida, gente, ciência
A natureza é prenúncio, o germinar da semente
É um mistério Divino, de Deus a onipotência

O homem busca explicar-se ao construir sua ciência
Mas foi criado por Deus, sua imagem e semelhança
E desconhece esse Deus nesta santa ignorância
Não sabe do Criador ser nossa única esperança

De Deus é todo o poder, e glória e honra e amor
O homem tão semelhante se apega a desatinos
Construiu o egoísmo e ambiciona o poder
Constrói assim o seu fim ignorando o Divino

A vida, só, segue em frente e não retrocede nunca
Não precisa questionar, é só em frente seguir
Pois a vida, por si só, lhe mostrará o caminho

E você, sem conhecer, saberá pra onde ir.

Roberval Paulo

DESCAMINHO - Roberval Paulo

Tem hora que a estrada fecha
Tem vez que o caminho acaba
É aí que o rio enche
E não tem jeito, deságua
Deságua água no mundo
A quem quer, a quem não quer
E a estrada fechada
Em dilúvio é desmanchada
Indo ao revéz do moinho
E o caminho acabado
Se vai assim desaguado
Em outro novo caminho

O caminho que se abre
A estrada que continua
Mais seu humilde passante
Nunca mais será o mesmo
Será um outro do mesmo
Seguindo um outro caminho

E o passante, enluarado
Novo estradar aventura
Ainda mais caminhante
Ainda mais açoitado

Mais nunca mais será o mesmo
Novo caminho em começo
Endireitando-se o avesso

De um caminhar renovado.

Roberval Paulo

CONSTRUÇÃO NATURAL - Roberval Paulo

Se não for como eu falei
É bem melhor que nem seja
É melhor nem ser bastante
Pra não ficar bem lembrado
É melhor não ser amante
É bom que seja espontâneo
É preciso ser estranho
Pra se dar a conhecer.

É bom que saiba perder
Assim se aprende a ganhar
Na guerra em que for lutar
Lute por qualquer verdade
Nos becos dessa cidade
Quanta mentira escondida
Quanta gente destruída
E outras mais se perdendo.

O trem da vida correndo
Nos trilhos do seu destino
A vida em desalinho
Pede socorro a morrer
Não tem de não entender
Tudo vai se consumar
Mesmo que não concordar
Não é o que ninguém falou
Nem mesmo quem semeou
Ou deixou de semear.

É sol em qualquer lugar
Tempestade em qualquer casa
Pra voar tem que ter asa
Mas é fácil rastejar
Eu disse, eu vou falar
Tem que ser como eu pensei
São as coisas que eu não sei
Que me fazem entender
Que a vida pra não morrer
Precisa entender a morte
Não é mais como eu falei
É como Ele escreveu
A morte que Ele venceu
Não foi plantada na sorte
Tudo é como o vento norte
Tem direção natural
Existe a raíz do mal
Mesmo em meio a todo amor
O exército do desamor

É construção natural.

Roberval Paulo

A CASA DA SEREIA - Roberval Paulo

No fundo do mar, bem lá no fundo, no lugar encantado do mar existe casa. Casa mesmo, de verdade; casa de tijolos e telha, casa seca, com móveis, colchão macio, geladeira, fogão, churrasqueira; é, dá até pra se fazer churrasco. Tem chuveiro quente, varanda... quintal com árvores, flores e pardais.

É lá que habita a sereia do mar. Quando desencanta, é claro. E lá ela é mulher de verdade, a mulher mais linda do mundo e com duas pernas, igual as das outras mulheres e com tudo o mais de mulher. Lá ela não tem calda de peixe não. Lá ela é mulher de verdade, de verdade mesmo e que sabe tudo de amar e de amor.

Bobo que não sou, é lá que eu quero ir; é lá que eu quero chegar. Só aguardo a aparição da sereia pra me mandar daqui e seguir com ela. Quando ela aparece, te atrai. E se te beija, você se encanta com ela e aí, não se afoga, pode ir no fundo do mar até a casa da sereia. E lá, depois do encanto, você será um homem feliz e terá do seu lado a mulher mais linda do mundo e também o seu amor. Felicidade eterna, posto que lá não se envelhece. Lá o tempo não passa, pois lá não se vê a luz do sol. Tudo debaixo do sol passa, porém, lá é diferente. Como não é iluminado; não é alcançado pela luz do sol, essa morada fica imune a ação do tempo.

Só existe uma situação em que tudo pode mudar. Não se pode perder o amor da sereia amada. É diferente da vida aqui, acima das águas e debaixo do sol. Ela precisa estar apaixonada sempre. E para isso, tu precisas lhe devotar todo o amor do mundo, amá-la todos os dias e noites, satisfazer todos os seus caprichos e desejos, dedicar  todo o seu tempo de vida  à sereia amada. Ela, realmente, precisa estar sempre apaixonada, porque senão, desfaz-se o encanto. Se ela se desencantar de você, ela se veste de sua calda de peixe e vem à praia seduzir um outro amor. E se isso acontecer, você já é passado pra ela. E como a vida no fundo do mar; a vida de casa de sereia é imune a ação do tempo pela ausência da luz do sol, isso quer dizer que lá o passado não existe, e, consequentemente, você também não mais existirá, desaparecendo como que em um encantamento, extinguindo-se na imensidão das águas, que, por sua vez, notícia alguma darão de ti, sendo o seu fim eterno, sem direito a uma nova chance.


Então, em se encantando e se enamorando dela, não perca o amor da sereia amada; não dê motivos para que ela venha a deixar de gostar de você. Sede fiel e único em sua vida e assim a terá por toda a eternidade, pois o amor verdadeiro jamais morrerá. O amor perdura por toda a vida, seja lá, seja cá, e, uma vez perdido, despedaça, e, despedaçado, seus cacos nunca mais se juntarão, tanto lá, como cá. Então, seja o seu amor sereia ou mulher; seja lá ou seja cá, ame-a com todas as suas forças, e lealdade, e amor, e dedicação para não vê-la partir, pois, assim acontecendo, na sua partida, tanto lá, como cá, se dará o desencanto, o desencanto do amor e aí, será tarde, porque, com ou sem a ação do tempo, o gatilho apertado não trás mais a bala de volta. É assim no amor. Uma vez perdido, a estrada se torna triste e você, sozinho, e, sozinho, é nada e o nada se extingue, seja nos segredos do espaço ou no mistério das águas, passando a ser só saudade. Saudade sabe, daquelas que não se vê e não se toca, só se sente. Sentimento inaudível, inexplicável, insolúvel, só sentimento. De sentir e de doer, enquanto o tempo, tanto lá, como cá, se esquece das horas; se esquece de si próprio e acelera sua marcha rumo ao incerto e sabido, o único mal... ou bem... irremediável, que amarga a face do nosso destino sobre este ou... sobre o outro mundo. Não vou mais querer ir à casa da sereia.

Roberval Paulo

sexta-feira, 7 de julho de 2017

DITADURA? NUNCA MAIS!

Ninguém em sã consciência poderá sentir saudade do regime militar. Vivemos um caos político, é bem verdade, liderado e protagonizado pela corrupção, um dos grandes males da sociedade e por outros males ainda mais nocivos, sendo, a ambição e egoísmo de nós humanos, e pelo mal maior, o capitalismo, criado pelo mal anterior, responsável mor pelas desigualdades sociais mundo afora, pois tem como fundamento e força de manutenção a concentração da renda e poder nas mãos de uma minoria, em detrimento da grande maioria. Mas daí, querermos voltar ao regime militar, à ditadura, um regime responsável pela página mais negra da nossa história; um regime que segregou uma nação inteira em prol de um projeto fantasioso, insano e atendendo mais a interesses americanos do que nossos; um regime responsável por mutilar sonhos, destruir famílias pela violência gratuita; um regime que assassinou pela tortura, pela vergonha, pela humilhação e por homicídios covardes, tantos inocentes; um regime endoidecido, de ideologia desvairada que via subversão até no caminhar da dona de casa; um regime que suprimiu do seu povo um dos bens mais preciosos da humanidade e que nos foi dado por Deus que é o livre arbítrio, a nossa liberdade; um regime doente, instituído pela força doente de um golpe, legitimado pela força, andando na ordem contrária da democracia e da soberania nacional; um regime autoritário que subtraiu, minimizou e desconsiderou os direitos do seu povo. Como sentir saudade disso que foi chamado de regime militar? Isso foi uma das grandes vergonhas do nosso País e que deve estar na nossa memória só pra entendermos que voltar à ditadura, ao regime militar jamais, nunca mais. Sigamos em frente e que os nossos sonhos, desejos e vontades possam ser livremente sonhados e almejados, apesar dos pesares, apesar da desigual luta que ainda é nobre pelo livre exercício do ir e vir.

Roberval Paulo